sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Bob Dylan, a poesia da música, o toque na alma.

Que lindo ver Bob Dylan ganhando o Nobel da Literatura! Que lindo o reconhecimento literário das letras das músicas!

Todos dizem que não é possível que tenhamos lembranças dos nossos primeiros anos de vida. Que a lembrança que achamos que temos é resultado do que os mais velhos falam sobre nós, das fotos, de programas de televisão da época ou sobre a época.

Pode ser, mas lembro perfeitamente de assistir o festival da Record de 1967 aos 4 anos. Lembro que não queria ir para a cama, que queria ver quem ia ganhar, apesar de não lembrar das apresentações, que já revi muitas vezes ao longo dos anos. Afinal Edu Lobo, Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso muito jovens, naquele clima retrô, acho que podemos assistir mil vezes sem cansar.

Lembro muito bem da primeira música que consegui cantar inteira com toda a complexa letra sentindo a emoção de interprete, era “Teletema”, cantada por Regininha, música da novela Véu de Noiva de 1969. Era a consciência da poesia da música.

Essa consciência continuou durante toda a minha infância, escutei tanto o LP “Construção” do Chico Buarque, de 1971, que era da minha mãe, que não sei como não furei o vinil. Afinal o drama do último dia de vida do pedreiro seguido pelo profundo protesto à pobreza de “Deus lhe Pague” toca qualquer alma pensante! E “Valsinha” então, aquela tentativa de um casal em romper o tédio, ou o “Samba de Orly”;

Enfim, a letra das músicas era muito mais importante para mim do que a própria música.
Este foi o motivo da paixão pela MPB e da total ignorância que tenho com relação à música estrangeira das décadas de 70 e 80, exceção à Disco, que era para dançar e não para cantar.

Afinal, como diria Fernando Pessoa ou Caetano Veloso em forma de Rap, “Minha Pátria é minha Língua”!

Sempre vi Caetano, Gil, Chico, Edu Lobo, Tom Jobim, mas recentemente Titãs, Paralamas, Cazuza, Gabriel Pensador, Zeca Baleiro entre outros,  como cronistas ou como poetas, pois as estórias inseridas nas músicas são muito maiores do que a própria canção.

É a poesia na prosa ou a prosa na poesia! E ambas na música!


Bravo! Bravíssimo!

quinta-feira, 17 de março de 2016

Existe uma diferença entre "Quebra de Sigilo Telefônico" e "Divulgação Pública de Conversas Telefônicas"?


Quebra legal de sigilo telefônico é importante para investigação de qualquer tipo de crime, acredito que ninguém discorde do fato.

Entretanto, a divulgação destas conversas com livre interpretação pela imprensa, é algo tão descabido que não sei nem se há embasamento legal ou constitucional, mas não pode estar na alçada de um juiz apenas.

Não só por serem conversas de um ex-presidente com uma presidenta em exercício, mas porque essas conversas "ainda" não configuram prova, mas "suposições", inclusive porque os envolvidos ficaram sabendo das gravações não porque foram convocados à defesa, ficaram sabendo pela imprensa.

Acho super estranho que um acusado tenha que falar com um jornal sobre as conversas objetos da quebra de sigilo antes de existir qualquer acusação legal formal ou antes de uma solicitação de esclarecimento pela autoridade que faz a investigação! Ou seja, o acusado tem que se defender das acusações primeiro com a imprensa.

O juiz Sérgio Moro já vinha utilizando fortemente o expediente de vazamento seletivo de delações e de outras informações que deveriam ser sigilosas até que configurassem prova, inclusive em véspera de eleição presidencial, o que configura crime eleitoral. Não sei, não gosto disso.

Chatô ainda é o rei?

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Quando você foi as ruas empoderou o congresso para não efetuar os ajustes orçamentários ou reformas mais profundas para evolução da nossa democracia.




Alguns fatos para reflexão:

Fato:
O Executivo (leia-se Dilma) não fez uma gestão adequada da economia no governo de 2010 a 2014. Ministros Fracos, figuras sem credibilidade, fundamentos heterodoxos.

Fato:
Dilma não é uma gerentona. E também não é carismática, não gera empatia. E apesar de tudo isso ganhou legitimamente a eleição.

Fato:
O suporte do PMDB ao governo para votação é importante, mas o envolvimento dos lideres do partido no petrolão gera problemas de articulação política.


Fato: Incrivelmente, as apurações do Petrolão estão sendo feitas pela PF endereçadas pelo STF, apesar de tudo, como nunca feito antes.

Porque este título no post?

Tive o privilégio de assistir a um encontro informal de alguns representantes de empresários e da comunidade em geral, com o Joaquim Levy no final do ano passado em Brasília, antes que ele assumisse o cargo de Ministro da Fazenda.

Lembro claramente quando o presidente de uma grande empresa perguntou o que podíamos fazer para ajudar e ele respondeu mais ou menos assim:
- Me ajudem não pressionando quando tivermos que fazer ajustes que a curto prazo terão impactos  negativos na economia. Ajudem nos dando tempo e suporte para fazer o que deve ser feito para corrigir os rumos da economia.

Pois bem, eu levei a sério, não fiz julgamentos, não dei suporte a nenhum grupo político ou social, não fui as ruas, não pedi impeachment.

Pois é, tudo tem dois lados, ir às ruas é exercer a democracia, mas quando você foi às ruas, você empoderou este congresso a votar contra tudo, a deixar todos os assuntos para um suposto outro governo que vai assumir no lugar da Dilma, já que estamos pressionando pela sua saída.

Enquanto isso, sem ajuste orçamentário e fiscal, reforma política então..., talvez em outra era geológica.

O problema é quanto estamos dispostos a colocar em risco para um processo de transição ruim e combativo ao invés de simplesmente votar diferente na próxima eleição.

Ninguém acha que é bom alterar o fator previdenciário ou cobrar CPMF. Claro que é ruim. Ninguém gosta de ganhar menos, de mudar os planos, de gastar menos, inclusive com programas sociais e previdenciários. Mas se não me engano estas foram saídas propostas pelo PSDB no passado quando foram necessárias, mas existia uma legitimidade vinda do suporte popular. Hoje o PSDB vota contra por motivação política.

Nada é simples, qualquer visão simplista é manipulação da sua opinião. Você decide...... Vamos pensar, pesquisar, debater ou vamos repetir o que a gente escuta.....

Para mim esquerda é a mão do relógio, direita a mão que eu escrevo! Não sou vermelho nem azul, sou verde e amarelo.



artigo escrito em 17/03/2015

Estou ao mesmo tempo horrorizada e preocupada.
Existe uma polarização na sociedade que não tem pé e nem cabeça.  Uma terrível simplificação de assuntos não tão triviais.

As pessoas falam de esquerda e direita como se estivéssemos na década de 60; Escuto e leio a toda hora Fulano é comunista, Ciclano é vermelho, a direita se posiciona assim ou assado, a direita está contra isso ou aquilo etc.

Bom, o muro de Berlin caiu em novembro de 1989, há mais de 25 anos. A China já está na economia de mercado há muito tempo e até Cuba já reatou relações com os Estados Unidos. Quer dizer, comunismo nem existe mais, o que ainda existe são alguns países totalitários. Absurdo falar disso, ainda mais no contexto brasileiro. 

No resto do mundo não se observa tanto essa polaridade, cada vez menos acentuada, mas aqui, por algum motivo continuamos nessa tendência de imaginar um eixo começando na esquerda, passando por um centro e terminado em uma direita.

Resolvi então tentar definir o que é esquerda e direita na política e quem representa o que, e talvez entender os motivos desta polaridade infundada. 

No meio de uma confusão conceitual, resolvi fazer uma pesquisa de definições. 

Nossa ditadura militar foi um regime totalitário de direita, certo? Fico na dúvida se considerarmos a definição do  jornalista Felipe Moura Brasil (03/10/2014 para revista Veja) :
(...) Normalidade democrática é a concorrência efetiva, livre, aberta, legal e ordenada de duas ideologias que pretendem representar os melhores interesses da população: de um lado, a “esquerda”, que favorece o controle estatal da economia e a interferência ativa do governo em todos os setores da vida social, colocando o ideal igualitário acima de outras considerações de ordem moral, cultural, patriótica ou religiosa. De outro, a “direita”, que favorece a liberdade de mercado, defende os direitos individuais e os poderes sociais intermediários contra a intervenção do Estado e coloca o patriotismo e os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma da sociedade.

Se considerarmos então a definição de direita acima, o Lula teria sido o presidente mais à direita que tivemos no Brasil, dado à liberdade de mercado, grande aumento de investimentos externos (o dólar quase derreteu), e até um Banco Central independente. Mas a ditadura não era de direita e o Lula de esquerda? 

Descobri mais algumas coisas interessantes.

O termo “esquerda” na política originou-se na França no tempo de Luiz XVI, porque os representantes do povo (que não pertenciam à nobreza ou ao clero), sentavam-se a esquerda do Rei, que terminou decapitado na Revolução Francesa, junto com a sua famosa Maria Antonieta e todos os seus brioches. 

Como os termos liberdade, igualdade e fraternidade também se originaram na dita revolução, então esquerda seria algo bom, certo? É, acho que ainda não tá dando direito para ´contextualizar.

Então achei algumas definições naquela enciclopédia que todo mundo usa e ninguém fala que usa, amiga de todas as horas, Wikypedia:
(...) Há um consenso geral de que a esquerda inclui progressistas, sociais-liberais, ambientalistas, social-democratas, socialistas, democrático-socialistas, libertários socialistas, secularistas, comunistas e anarquistas, enquanto a direita inclui fascistas, conservadores, reacionários, neoconservadores, capitalistas, alguns grupos anarquistas, neoliberais, econômico-libertários, monarquistas, teocratas (incluindo parte dos governos islâmicos), nacionalistas e nazis.

Ufa! Alguns desses termos são tão estranhos, tais como “econômico-libertários”, que não consigo  nem entender o que querem dizer, e olha que tem a bibliografia das definições na página da internet.

Pesquisei mais e não cabe aqui me alongar com definições e autores de definições, porque na verdade não ajudou muito ou ajudou nada.

Aí penso, o totalitarismo pode ser de esquerda ou direita, e disso eu tenho certeza, não precisa nem de pesquisa, porque nasci na ditadura militar e só votei  para presidente pela primeira vez aos 26 anos. Poderia então a democracia também ser de direita ou esquerda? E a nossa democracia então, é de esquerda ou de direita?

Quer saber, para mim esquerda é a mão do relógio e direita é a mão que eu escrevo.

Por que um blog?



Estou muito cansada de spam e análises superficiais, vindas inclusive de pessoas pelas quais tenho um grande apreço.

Como sou fundamentalmente contra qualquer tipo de intolerância, de qualquer ordem, seja ela social, racial, sexual, religiosa, ou de diversidade de opiniões, me posiciono fortemente contra a polarização azul e vermelha e a favor do verde e amarelo.

Após algumas tentativas frustradas de expressar algumas opiniões em que fui mal interpretada ou acusada de defensora das oposições, tanto por vermelhos quanto por azuis,  resolvi fazer um apelo: Não me leve a mal, me leve a sério!

A paixão nos inflama tornando nosso olhar mais favorável sobre o seu objeto assim como nos faz desprezar o seu oposto.  Opiniões apaixonadas sobre política, economia, até sobre futebol tendem a ser superficiais, tendenciosas, intolerantes. A análise não funciona com a paixão. Para refletir temos que nos isentar de paixões e aí sim, formar a opinião, seja ela qual for.

Então porque o Blog? Em função de uma crença, a tecnologia pode ser nossa grande aliada. É maravilhoso viver neste momento histórico que reduz as diferenças e torna a informação acessível a todos.

Por outro lado somos bombardeados por informações superficiais e por grupos apaixonados e muitas vezes damos uma relevância indevida à opiniões de pessoas ou fontes de informação inadequadas.

Decidi militar, quero ser um detetive do fato contra a manipulação das opiniões, hoje não temos mais o direito de ser massa, a informação está disponível a um clique.